terça-feira, 28 de setembro de 2010

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Os Miseráveis, de Vitor Hugo
Apresentação
Na França do século XIX, com Napoleão Bonaparte no poder, as injustiças sociais ocorriam a céu aberto. Em vista disso, o escritor francês Vitor Hugo escreveu uma excelente obra, um romance, que viria a se tornar uma obra prima universal. O livro é recomendável, por isso, recomendo-o aos meus alunos, principalmente aqueles que estudam leitura dinâmica conosco.
O trecho a seguir dá uma idéia do que seja a grande obra no período revolucionário francês.
José Roberto Soares Ribeiro - Sociólogo, escritor, estatístico, professor, consultor de eventos políticos, econômicos e sociais.
INÍCIO DA CAMINHADA PELO CENTRO DA CIDADE DE FORTALEZA-CEARÁ
Lembro na década de oitenta, quando eu andava pelo centro da cidade de Fortaleza, andando pelas livrarias, procurando livros os mais diversos para ler. Minha ânsia de leitura era muito forte. Fazia Ciências Sociais, tanto bacharelado quanto licenciatura. Bacharelado na Universidade de Fortaleza, UNIFOR, e licenciatura na Universidade Federal do Ceará, UFC. Já havia estudado Estatística pela Universidade Federal. Agora estava enveredando pelos caminhos das ciências sociais, da sociedade. Neste curso, há leitura é fundamental e imprescindível, pois ali você procura aprender todos os enfoques sociais. Passa-se uma série de desafios, pois o estudo da sociedade é complexo. Por isso, meu grande hábito de leitura ajudou-me no curso, pois em romances, ensaios, política, economia e ciências viam-se coisas que se enquadravam no contexto social. Além do mais, era época de ditadura militar, por isso, os enfoques na universidade giravam em torno dos andamentos políticos, quem tinha sido preso, quem estava para ser anistiado. E assim por diante. Mas um livro chamou a minha atenção, foi na vitrine de uma loja que vi escrito na capa de um livro: Os Miseráveis. Era um livro de Vitor Hugo, escritor francês. Não tive dúvidas, entrei na loja e comprei o livro. Naquele momento, minha grande vontade era começar logo a lê-lo. Por isso, não contive a minha ansiedade, e na primeira lanchonete que vi, entrei. Enquanto a moça preparava o sanduíche, abri o embrulho e peguei aquela obra prima. Comecei a dar as primeiras leituras ali mesmo. E, entre uma mordida no sanduíche, um gole de refrigerante, eu ia lendo as primeiras páginas. Vejamos agora os pontos principais deste espetacular livro.
É a história de um ex-presidiário, um forçado, do século XIX, na França, Paris, com seus esgotos subterrâneos e os seus mistérios. João Val Jean foi um homem injustiçado até certo ponto de sua vida, até o dia em que encontrou um Monsenhor muito caridoso, o monsenhor Benvindo. Mas vejamos como isso ocorre.
Ele, João Val Jean, cuidava de seis criancinhas, o mais novo tinha um ano e o mais velho, nove anos. Eram filhos de sua irmã. Ele, desesperado, pois eles eram muito pobres, para matar a fome das crianças que choravam, depois de muito pedir ajuda, mas sem ser atendido, quebrou o vidro de uma livraria e tirou um pão. Este foi o seu grande crime. Foi imediatamente preso e condenado a dezenove anos de cadeia. Quer dizer, feriu a propriedade privada. Pois o sistema é assim, se uma pessoa assalta um transeunte qualquer, nada acontece. Mas se tirar de um empresário, de um banco, toda a polícia se mobiliza para pegar o criminoso, ocorrendo muitas vezes às balas perdidas que atingem inocentes.
Após ter passado dezenove anos preso, ele, João Val Jean, finalmente foi posto em liberdade. No entanto, para aquela época, presidiário era considerado perigoso, qualquer que tivesse sido a sua falta. Por isso, ele passou a sofrer uma série de preconceitos e discriminações. Em toda cidade que ele chegava era obrigado a mostrar um salvo conduto, uma espécie de carteira de identidade da época. E no salvo conduto dele tinha escrito: forçado. O termo forçado significava ex -presidiário. Além do mais, embora posto em liberdade, a pessoa ficava sendo procurado pela polícia pelo resto da vida, tal o grau de repressão da França daquela época.
João Val Jean entrou na cidade, era quase noite. Começou a ir de pousada em pousada, mas todos lhe negavam hospedagem. E ele ouvia os cochichos:
- Cuidado, é um forçado!
Aquilo o deixava cada vez mais abatido e triste. Enquanto isso, a fome ia apertando-lhe o estômago. E foi com grande desespero que ele invadiu a casa de Monsenhor Benvindo, o bispo caridoso. E era de uma família nobre e tradicional da França. Seus pais haviam deixado grande fortuna para ele. Mas ele doara tudo para a Igreja. Até a casa grande dos seus pais, ele preferiu doar para um hospital beneficente, dizendo que o hospital era para ficar com a casa grande, e passou a morar em uma casa bem menor. Nesta casa, a porta não tinha fechadura. Era só com um ferrolho bem simples e frágil. E foi por isso que João Val Jean não teve dificuldades de entrar de porta adentro.
- Estou com fome, preciso comer e dormir! Gritou para os presentes.
Na mesa estavam sentados, jantando, Monsenhor Benvindo e suas duas irmãs que moravam com ele. O religioso não tomou nenhum susto, apesar da aparência agressora de João Val Jean. Pois este era alto, forte tinha em torno de quarenta e seis anos de idade. Estava com trajes ainda de presidiário. Então o padre disse para o forçado:
- Ainda bem que o senhor chegou mesmo na hora do jantar. Por favor, queira sentar-se.
Val Jean sentou-se rapidamente devorando o prato de comida, pois já faziam três dias que ele não comia nada. E após o jantar, Monsenhor Benvindo levou-o aos seus aposentados, ele passaria a noite ali em sua casa. E todos foram dormir.
Os bens materiais de Monsenhor Benvindo eram poucos, pois ele fizera doações para as instituições de caridade. Mas havia dois castiçais de ouro, e eram bem valiosos. Além de um candelabro. Pela madrugada, João Val Jean levantou-se furtivamente, e, em pontas de pés, entrou no quarto do reverendo. Pegou os castiçais e saiu. Enrolou-os em uma lona forte. E Foi embora pela estrada. Todavia, pela manhã, coisa de seis horas, dois guardas bateram na porta da casa do padre. Ele já estava acordado, pois levantava-se às quatro horas para rezar. Foi quando os guardas disseram:
- Monsenhor Benvindo, pegamos esse forçado no meio da estrada, ele roubou do senhor estes dois castiçais de prata!
O religioso olhou para Val Jean e disse:
- Meu amigo, você esqueceu-se do candelabro, está aqui, pode levá-lo. Juntando os dois castiçais com esse candelabro também de ouro, vendendo-os, dará um bom dinheiro para recomeçar a vida. Muitas felicidades e boa viagem.
Os guardas soltaram João Val Jean, ficaram encabulados, pois eles não esperavam por aquilo. João Val Jean nunca tinha vista uma coisa igual aquela. Não soube dizer nem uma palavra. Apenas pegou os objetos valiosos e foram embora. Mas aquele gesto de bondade e de amor ao próximo o marcaria agora para sempre. Ele sentiu que a sua vida havia mudado. E para isso, até a sorte o ajudaria.
O PREFEITO DE SANTA LUZIA
Naquela cidade da França, ninguém nunca vira um prefeito tão bondoso. Ele ajudava a todos. Sempre havia uma forma de prestar uma assistência a quem quer que fosse. Um dia, passou pela rua enlameada devido à chuva, uma mulher desesperada. O fato que esta mulher tinha uma filhinha a quem dera para um casal que morava na estrada para criar, pois ela não possuía recursos. No entanto, o casal explorava a criança de apenas oito anos de idade, com trabalhos forçados. O nome da menina era Corzete. O prefeito soube do drama da senhora, e prometeu que um dia iria dar uma ajuda a sua filha.
Um dia, o jornal anunciou a morte de um monsenhor em uma cidade da França, era o Monsenhor Benvindo que havia falecido com cem anos. Neste dia, o prefeito mandou celebrar uma missa, e compareceu à Igreja. Seu olhar era triste. E rezou muito pela alma daquele religioso tão caridoso. E os que estavam presentes viram que o prefeito estava muito sentido com a morte daquele padre que havia falecido.
CAPÍTULO II
Antes de iniciar o segundo capítulo, onde O prefeito Tio Medelin irá tomar uma grande decisão de sua vida, vou primeiro relatar alguns fatos que ocorreram enquanto eu lia o livro Os Miseráveis.
Era a década de oitenta, próximo ao Natal. As ruas de Fortaleza estavam enfeitadas para as festas natalinas. Lojas, shoppings Center, restaurantes, tudo era clima de alegria. Todos eram solidários uns com os outros. Seria bom que fosse sempre assim. As livrarias estavam repletas de cartões de Natal, boas festas e de feliz ano novo. Nas lojas, a figura de Papai Noel chamava a atenção. Nas calçadas do centro, figuras humanas representavam o Papai Noel. Toques de sinos, músicas natalinas. Lembranças de outros natais. Era como se cada natal fosse sempre a recordação de um outro passado, anteriormente. A pressa para chegar em casa, a ceia de Natal. Tudo novo, roupa nova, sapato novo. Talvez até idéias novas.
Depois que saiu da Igreja, Tio Medelin, o prefeito, foi para a prefeitura. E começou a pensar sobre a sua vida. Ele devia muito aquele padre, pois, logo que saiu da sua casa, naquele ano. Ele foi andando pela estrada, até que chegou próximo à cidade de Santa Luzia. Havia naquele momento um grande incêndio em uma fábrica. Por isso, não havia ninguém na cancela para pedir o salvo conduto. E ele correu para a fábrica, pois havia gente lá dentro. E foi quando ele saiu com duas crianças, salvando-as de morrerem no incêndio. Foi a sorte dele, pois as crianças eram filhos do prefeito, o homem mais rico da cidade. E o prefeito o homenageou, deu-lhe um grande posto na prefeitura. E ele agora teve a oportunidade de mudar de nome. Adotando o nome de Tio Medelin. Com o tempo, ao receber ajuda, ele fundou uma fábrica, tornando-se um dos homens mais ricos do lugar. Em pouco tempo, ele substituiu o prefeito antigo, o seu benfeitor. Agora ele era o prefeito de Santa Luzia.
CAPÍTULO III – A perseguição do policial Javer
Na prisão, havia um policial que o perseguia muito. E o nome dele era Javer. Por isso, mesmo depois que cumpriu à pena, o policial o seguia, para ver se ele cometia alguma falta. É, a história da discriminação contra ex-presidiários é coisa bem antiga.
Tio Medelin chegou em casa, estava cansado. A missa o deixara pensativo. Muito pensativo mesmo, pois antigas lembranças lhe vieram à mente. As palavras de Monsenhor Benvindo, quando ele invadira a sua casa ainda perduravam em seu cérebro:
- Homem, tire o ódio de seu coração. Percebo que você só alimenta vinganças pelas injustiças que sofreu. Creia em Deus, o ódio só é ruim para você. Com ódio você não fará nada na vida, pelo contrário, cada vez mais você se afundará em seus dramas. Lembre-se das palavras de Jesus: “Se te bateres na tua face esquerda, dás a direita, pois só assim ganharás o reino do céu”. Dissera Monsenhor Benvindo para João Val Jean.
A princípio ele não cumprira aquilo, pois achava muito difícil perdoar. No entanto, depois que ele salvara as crianças do incêndio, começara a refletir. E a partir dali tudo mudou em sua vida. Tivera a idéia de montar a fábrica de plástico, enriquecer e se candidatar ao cargo de prefeito. Tudo dera certo, pois o ódio não mais habitava em seu coração. Agora ele tinha um olhar diferente para o mundo e para as pessoas.


(CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO)

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